O
comportamento de muitos cristãos de hoje não endossa a fé que dizem sustentar.
Aspectos que regem a prática cristã são encontrados, evidentemente, na Bíblia,
e orientam atitudes simples e primárias como falar.
Um cristão
pode se notabilizar pelos conhecimentos que tem, mas pode colocar tudo a perder
se não moderar o seu vocabulário. Esse risco é previsto no Antigo e no Novo
Testamento. Entretanto, muitos dos indicadores primários da fé cristã têm sido
deixados para trás e substituídos por rotinas e expedientes das pessoas que não
têm qualquer compromisso com a fé em Jesus Cristo.
Num texto
clássico sobre o tema, Jesus advertiu: “Mas
eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao
tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do
inferno” (Mt 5.22). Essa orientação não caducou. Então vejamos o seu
sentido. Jesus escolheu o termo grego Γακά
(raká). Não sabemos o que ele significa, mas uma pesquisa nos ensina que raká,
para os falantes daquela época, era um termo abusivo. Entre os seus
significados mais prováveis estão: tolo,
cabeça-oca ou mesmo burro.
Na sequência
do versículo lemos “louco”. Aqui Jesus empregou o termo Μώρέ
(Môré), outra palavra que pode ser traduzida por tolo,
ou insípido,
insensato;
considere que os cristãos são advertidos por Jesus a que sejam o contrário de
insípido: sejam sal,
e não insípidos.
Em Ef 4.29,
Paulo diz: “Nenhuma palavra torpe saia
da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a
necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem”. Torpe é a tradução de
σαπρός
(saprós). Figurativamente ela transmite a ideia de mau,
ruim,
imprestável.
No contexto de Mt 7.17, onde Jesus fala dos frutos da árvore, ela significa podre.
E finalmente
em Cl 3.8, a expressão “… abandonem
todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem
indecente no falar.” Essa “linguagem indecente” é a tradução de αισκρολογιαν
(aiskrologian), uma junção de duas palavras para formar o que naqueles tempos
era entendido por palavra
indecente, obscenidade
ou mesmo fala
abusiva. Esta é a única passagem no Novo
Testamento onde aparece aiskrologian.
Que devemos
entender aqui? Que embora estejamos imersos numa sociedade que não zela pelo
modo mais decente de expressar-se, que não faz qualquer esforço para ser
gentil, e educada e mesmo decente no uso da fala, essa tendência natural das
pessoas que não professam a mesma fé que nós não pode engolir o nosso modo
correto de falar, de agir e de nos mostrarmos na mesma sociedade. Chamar irmãos
de “trouxas”, “imbecis” e “otários”, como vemos até mesmo em programas de televisão,
não passa perto de qualquer padrão saudável no cristianismo bíblico. A
inteligência do cristão deverá elaborar argumentos suficientemente fortes ao
ponto de dispensar o uso de expressões chulas e vocabulário que possa ser
equiparado a dos mais desprezíveis pecadores.
Para muitos, isso parece difícil; mas seguramente é
possível. Talvez seja esse o motivo porque Tiago dedicou boa parte de sua
epístola (Tg 3.1-12), e mesmo o livro de Provérbios, a tratar da questão. O
menor membro do corpo derruba a mais consagrada celebridade, mas o exercício
persistente poderá ajudar a cada um de nós na eliminação de outros vícios que
atrapalham o aprofundamento da mais simples
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