O maior e mais eficaz estratagema de
Satanás, diga-se de passagem, é fazer com que crentes verdadeiros vivam um falso
cristianismo que pensam sinceramente ser autêntico (Stedman, 1975:17). É o
que se pode chamar de ludíbrio das moedas falsas.
Li há vários anos um artigo de Arthur W. Pink,
Outro Evangelho, no qual ele considera o seguinte:
" O sucesso de um falsificador de moedas depende de
quão parecida a moeda falsa se torna com a genuína. A heresia não é uma negação
completa da verdade, e sim uma perversão da verdade. Essa é a razão por que uma
mentira incompleta é mais perigosa do que uma mentira completa. Por isso, quando
"o pai da mentira" sobe ao púlpito, ele não costuma negar abertamente as
verdades fundamentais do cristianismo; pelo contrário, ele as reconhece
astutamente e, em seguida, apresenta uma interpretação errônea e uma falsa
aplicação. " (Pink, 2003).
Essa é a razão pela qual há tanta gente que
permanece em certos espaços religiosos sem se aperceber do engano que as
envolve. Tal envolvimento leva-os às últimas consequências quanto a defender
e a praticar o que para os outros é claro e inequivocamente errado.
Um caso clássico e radical foi o do "reverendo"
Jim Jones. Ele próprio transferiu sua comunidade dos Estados Unidos para as
Guianas, controlou seus adeptos e induziu-os ao suicídio coletivo. Mais de
novecentas pessoas suicidaram sob seu comando pessoal.
Tudo se pode dizer a respeito daquele grupo,
exceto que as pessoas fizeram a coisa errada achando que era algo errado mesmo.
Fizeram a coisa errada convencidos de que aquilo era tão certo que valia a
pena pôr fim à própria vida e à de seus filhos em nome do respeito e da
obediência a seu líder. Foram convencidos, condicionados, conduzidos a crer
erradamente. Jones construiu em torno de si uma mística e usou-a para enganar
aqueles crentes que, dominados pelo engano, seguiram cegamente, sem
questionamento, suas ordens.
Aquela indução ao erro, aliada à ameaças
e abusos de toda sorte, incluindo uma forte e enfática teologia da autoridade
espiritual, foi tão diabólica que quase ninguém se levantou para questionar
ou conferir suas instruções com a Palavra de Deus, nem mesmo avaliarem as
ordens de Jones à luz, pelo menos, do bom senso.
A história de Jim Jones e de sua comunidade é o
que há de mais extremo para ilustrar a questão. Mas não vamos nos enganar
achando que esse tipo de acontecimento é coisa do passado, distante de nós, e
que não há qualquer relação entre o que ocorreu antes e o que ocorre hoje.
Muitos e variados acontecimentos contemporâneos mais sutis, aparentemente de
menor monta, guardam as mesmas características no que tange à força de
influência (indução) para que as pessoas e grupos pratiquem o que é errado aos
olhos daquele que tudo vê. Jesus discerne e conhece todas as coisas, e o fogo
de seus olhos (Ap. 2:14) significa julgamento. Jezabel e seus seguidores estavam
sob julgamento e ameaça de punição (Ap. 2:20-23).
Trecho retirado do livro "Uma Igreja Sem Propósitos", páginas 85 e 86 - Editora Mundo Cristão
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